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TEmos uma super dica de teatro pra você! “Estado de Sítio”, de Albert Camus e direção de

Vencedor do Prêmio Shell SP de Melhor Música (Babaya Morais e Marco França)

Três indicações ao Prêmio Shell: Melhor Cenografia (J. C. Serroni), Melhor Figurino (Gabriel Villela) e Melhor Música (Babaya Morais e Marco França)

Indicação ao Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de Melhor Direção (Gabriel Villela)

Elias Andreato é a Peste e Claudio Fontana é a Morte – elas chegam subitamente à cidade de Cádiz, numa rica alegoria sobre o totalitarismo escrita por Albert Camus. No elenco, Chico Carvalho, Rosana Stavis, e outros nove atores encenam os horrores do poder arbitrário. A tradução é de Alcione Araujo e Pedro Hussak, o cenário de J. C. Serroni e a iluminação de Domingos Quintiliano. A direção musical é de Babaya Morais e Marco França.

ESTREIA: dia 04 de julho (5ªf), às 20h (horário excepcional, somente para a estreia, aberta ao público)

LOCAL: Teatro Sesc Ginástico – Av. Graça Aranha, 187, Centro / RJ Tel: (21) 2279-4027

HORÁRIOS: 5ª a sab 19h, dom 18h / INGRESSOS: R$30,00, R$15,00 (meia) e R$7,50 (associados Sesc) / BILHETERIA: 3ª a domingo das 13 às 20h /CAPACIDADE: 513 espectadores / DURAÇÃO: 90 minutos / GÊNERO: drama / CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos / TEMPORADA: até 28 de julho

. Entrada solidária 50% de desconto mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível, que será doado ao projeto Mesa Brasil.

Após os maus presságios pela passagem de um cometa, os habitantes de Cádiz, na Espanha, passam a ser governados pela Peste, que depõe um governo reacionário e institui um poder arbitrário por meio da ameaça de morte. Ela instaura o Estado de Sítio e cria um regime burocrático, esvaziado de sentido e dominado pelo medo. Uma cidade sitiada e uma população dividida. A vida dos cidadãos é submetida ao império da Peste e de sua Secretária, a Morte, de modo que o sofrimento e o desespero se tornam banais. No meio desse cenário desolador e aterrador haveria espaço para uma “revolta” estimulada pelo amor aos seres humanos e pela liberdade? Para se libertar da Peste será preciso resistir ao medo que se tem dela acreditando que, assim como a aparição do cometa, a situação instaurada é uma força histórica e passageira, e que o povo sempre detém o poder eterno.

Essa é história que nos conta a peça “Estado de Sítio”, do escritor, filósofo e dramaturgo argelino Albert Camus (1913-1960), comdireção de Gabriel Villela, que estreia no Rio dia 04 de julho no Teatro SESC Ginástico. No elenco, Elias Andreato, Claudio Fontana, Chico Carvalho, Rosana Stavis, Nábia Vilela, Leonardo Ventura, Pedro Inoue, Arthur Faustino, André Hendges, Rogério Romera, Jonatan Harold, Nathan Milléo Gualda e Zé Gui Bueno.

“Estado de Sítio”, escrita em 1948, se passa em uma pequena cidade litorânea, assolada pela peste e dominada pelo medo. Para Camus, o medo era o mal do século XX e, por isso, ele o utiliza como o fio condutor desta obra, que, para muitos críticos, é uma alegoria da ocupação, da ditadura e do totalitarismo.

Ao escrever “Estado de Sítio”, Albert Camus declarou que pretendia “atacar frontalmente um tipo de sociedade política que se organiza, à direita ou à esquerda, de modo totalitário. Esta peça toma o partido do indivíduo, da natureza humana naquilo que ela possui de mais nobre, o amor, enfim contra as abstrações e os terrores de um regime autoritário” (resposta de Camus ao crítico Gabriel Marcel de Les Nouvelles Littéraires, publicada na edição dos Essais de Camus, 1965).

A escolha de Cádiz (Espanha) como cenário de “Estado de Sítio” não é nada casual. Apesar da memória recente do nazismo e do fascismo na Europa, o regime fascista de Franco, extremamente violento, ainda sobreviveria na Espanha por quase quatro décadas (1938-1973), uma mácula na história de uma Europa que já começava a avançar na transição para a democracia liberal. Escolhendo Cádiz, uma cidade brutal e longamente ocupada, a pestilência ganha transparência no seu potencial alegórico e se tornam mais eficazes as alusões a torres de vigilância, campos de concentração, deportações, torturas e… atos de resistência. Se na peça é a coragem que triunfa sobre o mal, vale lembrar que Camus nunca foi um pacifista ingênuo – ele sabia que a resistência exigia sacrifícios, algumas vezes sobre-humanos.

Mesmo que o imenso sucesso de “O estrangeiro” (1942) já tivesse alçado o jovem argelino Albert Camus à consagração, não deixa de ser surpreendente que depois de tão poucos anos, logo após a publicação de “A peste”, em 1947, ele tenha sido cogitado para o Nobel de Literatura, pelo qual, aliás, ele só foi condecorado dez anos depois. “A peste” é um romance primoroso que aborda o flagelo do totalitarismo simbolizado por uma epidemia que se espalha em uma vila marítima. A semelhança com “Estado de Sítio” é tamanha que, apesar da insistente negativa de Camus, parece difícil não entender essa peça como uma adaptação do romance. Alguns papeis secundários teriam sido simplificados, o posicionamento face à Igreja se tornado mais duro, o sarcasmo potencializado na figura do personagem Nada (Chico Carvalho) e o autoritarismo ganhado um viés alegórico sobretudo com os personagens da Peste (Elias Andreato) e sua Secretária, a Morte (Claudio Fontana). Ainda assim, ambas obras têm a mesma dinâmica (a epidemia vem da periferia para o centro da cidade, sendo o mar a única escapatória possível), tratam-se de tragédias de separação – de Diego (Pedro Inoue) e Vitória (Nábia Vilela) – e o medo é o fio condutor de uma e de outra.

A ENCENAÇÃO

O totalitarismo infecta o organismo social de maneira insidiosa; os sintomas podem não ser facilmente identificáveis, mas os efeitos são implacáveis. Para colocar “Estado de Sítio” em cena, Gabriel Villela”parte do princípio de que a epidemia deveria ultrapassar a condição de alegoria – o que na atual conjuntura talvez reduzisse a poética de Camus a uma espécie de alerta político, correndo inclusive o risco de fazermos um espetáculo panfletário – para atingir a categoria mais ampla de símbolo“.

Segundo o premiado diretor, que recentemente nos brindou com os elogiados espetáculos “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, e “Hoje é Dia de Rock”, de Zé Vicente, “a riqueza dramatúrgica de Camus não se limita a um contexto histórico específico nem a um campo político delimitado, mas é um mosaico de teatralidades que nos lembra que a liberdade exige esforço coletivo e contínuo“. Villela também assina os figurinos dessa montagem, trazendo dessa vez o preto como cor básica complementada com cores nos adereços de cabeça. A maquiagem de Claudinei Hidalgo também realça o caráter grotesco e não realista dos personagens. A música, mais uma vez, está muito presente na encenação de Villela. A direção musical é de Babaya Morais e Marco França. O espetáculotraz no coro trágico grego arranjos polifônicos de canções revolucionárias icônicas, como Fischia il Vento, o Hino da Resistência Francesa, músicas ciganas de Goran Bregovic e outras cantadas em ladino (língua falada por comunidades judaicas originárias da Península Ibérica).

J. C. Serroni, queassina a cenografia, questiona: “Que espaço poderia corporificar o medo, a submissão, a negligência e a omissão dos governantes diante de problemas reais que agonizam uma sociedade organizada de homens de bem? Como simbolizar a peste, um grande mal e uma punição que paira sobre a cidade“. E conclui: “Que o espetáculo possa discutir e trazer à reflexão todas as questões levantadas, mas que o cometa que hoje brilhar possa inverter a ordem das crenças. Que possamos atender uma vontade de Camus que chegou a dizer: ‘Perceber-se-á bem que Estado de Sítio se trata de uma peça de cólera, mas sobre essa questão terei uma coisa a acrescentar: cheguei a pensar chamar o espetáculo de O Amor de Viver’.”

FICHA TÉCNICA

Texto: Albert Camus

Tradução: Alcione Araújo e Pedro Hussak

Direção e Figurinos: Gabriel Villela

Elenco / Personagem:

Elias Andreato – A PESTE

Claudio Fontana – A MORTE

Chico Carvalho – O NADA

Rosana Stavis – MULHER DO JUIZ e BENZEDEIRA

Nábia Vilela – VITÓRIA

Leonardo Ventura – JUIZ, ALCAIDE e PESCADOR

Pedro Inoue – DIEGO

Arthur Faustino – GOVERNADOR e VELHA

André Hendges – PADRE

Rogério Romera – HOMEM DO POVO e CÉRBERO

Jonatan Harold – MÚSICO

Nathan Milléo Gualda – ASTRÓLOGO, COMETA e CÉRBERO

Zé Gui Bueno – ALCAIDE e CÉRBERO

Diretores Assistentes: Ivan Andrade e Daniel Mazzarolo

Cenografia: J. C. Serroni

Assistentes de Cenografia: Gabriela Rinaldi, Nathália Campos e Priscila Soares

Pintura de Arte e Adereços Cenográficos: Andréia Mariano, Ingrid Oliveira, Marcelo Machado, Naiana Leotti, Priscila Chagas e Tais Santiago

Maquinistas de Montagem: Alício Silva, Ingrid Oliveira, Marcelo Machado, Priscila Chagas e Wagner Almeida

Iluminação: Domingos Quintiliano

Operador de Iluminação: Cleber Eli

Direção Musical: Babaya Morais e Marco França

Preparação Vocal: Babaya Morais

Arranjos: Marco França

Assistente de Figurinos: Nour Koeder

Coordenação do Ateliê de Figurinos: José Rosa

Costureira: Zilda Peres

Maquiagem: Claudinei Hidalgo

Assistentes de Maquiagem: Patricia Barbosa e Luís Cambuzano

Fotografia: João Caldas Filho

Assistência de Fotografia: Andréia Machado

Diretor de Palco: Alexander Peixoto

Camareira: Ana Lucia Laurino

Coordenação Galpão de Ensaios: Mara Santiago

Produção Executiva: Augusto Vieira

Direção de Produção: Claudio Fontana

Realização: SESC Rio

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

SOBRE O AUTOR

Nascido na Argélia durante a ocupação francesa no seio de uma família paupérrima, Albert Camus (1913-1960) graduou-se em filosofia e teve uma ousada carreira de jornalista, período em que tomou posições incisivas em relação à Guerra da Independência Argelina. Já morando na França, alcançou notoriedade em 1942 com a publicação de O estrangeiro, romance que se destacou por suas implicações filosóficas. Junto com a peça Calígula (1941) e com o ensaio O mito de Sísifo (1942), o romance constituiu o que ele mais tarde chamou de Trilogia do Absurdo. Segundo Camus, a vida tem que ser vivida apesar da total falta de sentido e sem recorrer à esperança, isto é, devemos aceitar a noção de absurdo do nosso destino. Ao longo da vida, ele ainda publicou outros dois romances (A peste e A queda), vários ensaios, peças e um livro de contos.

Suas posições libertárias fizeram com que ganhasse a antipatia tanto de nazistas quanto de comunistas, ficando famosa a ruptura pública com seu amigo Jean-Paul Sartre por desavenças políticas. Em O homem revoltado (1951), Camus fez uma dura crítica aos processos de insurreição e de revolta metafísica, além de condenar o assassinato e o suicídio como reações ao absurdo.

Camus morreu num acidente de carro em 1960 junto com seu editor Michel Gallimard. Por algum tempo houve a suspeita de que ele tivesse sido assassinado a mando da URSS pelas fortes críticas que fazia a Moscou.

SOBRE O DIRETOR

Gabriel Villela estudou Direção Teatral na Universidade de São Paulo. É diretor, cenógrafo e figurinista. Iniciou sua carreira profissional em 1989 com “VOCÊ VAI VER O QUE VOCÊ VAI VER”, de Raymond Queneau, e “O CONCÍLIO DO AMOR”, de Oscar Panizza. Desde então, recebeu 3 Prêmios Molière, 3 Prêmios Sharp, 12 Prêmios Shell, 10 Troféus Mambembe, 6 Troféus APCA, da reconhecida Associação Paulista de Críticos de Arte, 5 Prêmios APETESP, da Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais de São Paulo, 2 Prêmios PANAMCO e 1 Prêmio Zilka Salaberry.

Encenou Pirandello (OS GIGANTES DA MONTANHA), Camus (ESTADO DE SITIO e CALÍGULA), Heiner Muller (RELAÇÕES PERIGOSAS), Calderón de La Barca (A VIDA É SONHO), Schiller (MARY STUART), William Shakespeare (MACBETH, ROMEU E JULIETA e SUA INCELENÇA RICARDO III), Strindberg (O SONHO) e Eurípides (HÉCUBA), e os dramaturgos brasileiros Nélson Rodrigues (BOCA DE OURO, A FALECIDA e VESTIDO DE NOIVA), Arthur Azevedo (O MAMBEMBE), João Cabral de Melo Neto (MORTE E VIDA SEVERINA), Carlos Alberto Soffredini (VEM BUSCAR-ME QUE AINDA SOU TEU), Dib Carneiro Neto (SALMO 91 e CRONICA DA CASA ASSASSINADA), Luís Alberto de Abreu (A GUERRA SANTA) e Alcides Nogueira (VENTANIA, A PONTE E A ÁGUA DE PISCINA). Dirigiu uma trilogia de musicais de Chico Buarque para o TBC: “ÓPERA DO MALANDRO”, “OS SALTIMBANCOS” e “GOTA D’ÀGUA”. Grandes cantores nacionais o procuram sempre para direção de shows como Maria Bethânia (AS CANÇÕES QUE VOCÊ FEZ PRA MIM), Elba Ramalho (ELBA RAMALHO CANTA LUIZ GONZAGA), Milton Nascimento (TAMBORES DE MINAS) e Ivete Sangalo (IVETE SOLO). Dirigiu musicais, óperas, dança e especiais para TV. Foi Diretor Artístico do Teatro Glória/RJ (1997/99) e também do TBC Teatro Brasileiro de Comédia/SP (2000/01).

Tornou-se um dos mais renomados diretores teatrais com reconhecimento internacional, sendo convidado a participar de Festivais nos EUA, Europa e América Latina. Com o Grupo Galpão (ROMEU E JULIETA), Gabriel Villela foi convidado para uma temporada no Globe Theatre, em Londres, conquistando a crítica e o exigente público londrino. O espetáculo voltou a Londres em 2012 para participar da OLIMPÍADA CULTURAL, evento paralelo aos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.

Gabriel prepara-se para estrear O AUTO DA COMPADECIDA, de Ariano Suassuna, em estreia nacional no FIT de São José do Rio Preto em julho de 2019. Seus últimos trabalhos foram ESTADO DE SITIO, de Camus (2018/19), HOJE É DIA DE ROCK, de Zé Vicente (2018) e BOCA DE OURO, de Nelson Rodrigues (2018).

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